Maria Emília Longhin, uma professora em Leme, tem se destacado por seu notável jardim de bonsais com mais de 80 espécies, incluindo exemplares nativos e tropicais. Após enviar fotos para o programa regional Terra da Gente, sua dedicação e diversidade de plantas chamaram a atenção da equipe de produção. A reportagem explora suas técnicas de cultivo e os refúgios que seu jardim proporciona para diversas espécies de aves. A professora compartilha seu conhecimento e amor pela natureza, mostrando como qualquer espécie pode ser cultivada em forma de bonsai, mesmo utilizando técnicas orientais para espécies brasileiras, como o ipê-amarelo.
Terra da Gente
Após enviar fotos para o programa regional Terra da Gente, uma delas chamaram a atenção da equipe de produção, enviada pela professora Maria Emília Longhin, que possui mais de 80 espécies e, entre elas, uma cambacica (Coereba flaveola) e ipê-amarelo no quintal de sua casa.
“Cultivo e faço bonsai há 30 anos. Todos os meus 87 bonsais foram feitos por mim. A maioria deles são plantas tropicais nativas e alguns não. Tenho espécies mirtáceas como: goiabeira, jabuticabeira, pitangueira, araçá, cambuí, cerejeira-do-campo e cerejeira-do-rio-Grande. Árvores da região como pau-ferro, jequitibá e brinco-de-índio. Tenho também bonsais que enfeitam meu viveiro com flores como bougainvillea, flor-de-São-Miguel e manacá-de-cheiro”, conta a mestre em Educação.
A grande diversidade de vegetais virou refúgio para várias espécies de aves que visitam o quintal da Maria Emília. “Eu costumo dizer que o viveiro não é meu e sim dos pássaros. Eles me visitam durante o dia todo. Uns aproveitam os frutos, outros as flores e outros simplesmente deitam nos galhinhos das ‘arvorizinhas’ e aproveitam a sombra. Além das cambacicas, os que mais vêm são os sanhaços, bem-te-vis, alma-de-gato, pardais e beija-flores, sendo que esses últimos se acham os donos de tudo e vivem brigando com as cambacicas”, descontrai.
A educadora conta que é ligada à natureza desde criança. “Vivia indo com meu pai, já falecido, acampar e pescar. Fui várias vezes com ele ao Pantanal. A mata sempre esteve presente em minha vida”, relata.
Técnica oriental
Para aprender a manusear os bonsais, Maria Emília diz ter feito vários cursos presenciais, sendo os principais com o professor Helenir Cândido, de Ribeirão Preto. “Com ele aprendi as principais técnicas para se fazer e cuidar”, afirma.
Inclusive, algo que despertou a curiosidade da equipe do TG, a partir do vídeo enviado pela seguidora, foi saber como é possível uma espécie brasileira como o ipê-amarelo ser cultivado através de uma técnica oriental.
“Qualquer espécie pode ser cultiva em forma de bonsai. São técnicas semelhantes, apesar das variedades de plantas existentes. As nativas brasileiras tais como ipês, pau-ferro, pau-Brasil, flamboyant, sibipirunas etc, tem algumas peculiaridades que as diferenciam das mais tradicionais como os aceres, juniperus e pinheiros. Mesmo assim, todas as espécies que contenham caules lenhosos são possíveis de serem cultivadas como bonsai”, explica o colecionador de um dos maiores acervos em espécies de bonsai do Brasil e instrutor da técnica em Bauru, Luiz Yassuo Nakamura.
O ex-administrador de empresas, que cultiva mais de 240 espécies de árvores em 2.000 bonsais, explica que a técnica “consiste em minimizar plantas de quaisquer espécies, dando formas de acordo com as regras estéticas no bonsai, classificando-as pelo tamanho e estilos de acordo com cada formatação, através do processo chamado PAR – que consiste em poda, aramagem e replantio com poda de raízes”.
Luiz, que dissemina a arte do bonsai desde 1991 através de cursos no SESC, SESI, SENAC e em seu próprio viveiro, ensina como é a manutenção básica dos bonsais:
Regar a planta com a quantidade de água indicada para cada vaso. É importante que o bonsai esteja sempre umedecido dentro de um substrato próprio e o casamento perfeito é a quantidade de sol diário, variando entre o mínimo de quatro e no máximo de oito horas;
As adubações ocorrem de forma variada, de acordo com cada espécie, sejam elas: frutíferas, floríferas, caducifólias ou perenes. Os bonsais devem ser adubados semanalmente com fertilizantes orgânicos e mensalmente com os químicos;
As podas são variadas, desde uma simples poda de manutenção e até as mais drásticas no momento da estilização. Por exemplo, a aramagem é uma forma utilizada para dar estilo à planta.
Segundo o empresário, o tempo de vida de um bonsai depende do ciclo de vida da planta cultivada. “Um pé de milho vive em média 60 dias, mas um pinheiro ou um juniperus pode viver durante até 3.000 anos”, comenta e completa.